Budismo

Oque é budismo:
O Budismo é uma filosofia de vida baseada integralmente nos profundos ensinamentos do Buda para todos os seres, que revela a verdadeira face da vida e do universo.

Quando pregava, o Buda não pretendia converter as pessoas, mas iluminá-las. É uma religião de sabedoria, onde conhecimento e inteligência predominam. O Budismo trouxe paz interior, felicidade e harmonia a milhões de pessoas durante sua longa história de mais de 2.500 anos.

O Budismo é uma religião prática, devotada a condicionar a mente inserida em seu cotidiano, de maneira a leva-la à paz, serenidade, alegria, sabedoria e liberdade perfeitas. Por ser uma maneira de viver que extrai os mais altos benefícios da vida, é freqüentemente chamado de "Budismo Humanista".

A origem:


a origem, o Bhudda Siddharta Gautama, a definição, os ensinamentos, os templos e as crenças.

O termo "Buda" é um título, não um nome próprio. Significa "aquele que sabe", ou "aquele que despertou", e se aplica a alguém que atingiu um superior nível de entendimento e a plenitude da condição humana. Foi aplicado, e ainda o é, a várias pessoas excepcionais que atingiram um grau de elevação moral e espiritual que se transformaram em mestres de sabedoria no oriente, onde se seguem os preceitos budistas. Porém o mais fulgurante dos budas, e também o real fundador do budismo, foi um ser de personalidade excepcional, chamado Siddharta Gautama. Siddharta Gautama, o Buddha, nasceu no século VI a. C. (em torno de 556 a. C.), em Kapilavastu, norte da Índia, no atual Nepal. Nascido entre os nobres, filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Logo após o nascimento foi levado a um templo para ser apresentado aos sacerdotes, quando um velho sábio, chamado Ansita, que havia se retirado à uma vida de meditação longe da cidade, aparece, toma o menino nas mãos e profetiza:

"este menino será grande entre os grandes. Será um poderoso rei ou um mestre espiritual que ajudará a humanidade a se libertar de seus sofrimentos". Suddhodana, impressionado com a profecia, decide que seu filho deve seguir a primeira opção e, para evitar qualquer coisa que lhe pudesse influenciar contrariamente, passa a criar o filho longe de qualquer coisa que lhe pudesse despertar qualquer interesse filosófico e espiritual mais aprofundado, principalmente mantendo-o longe das misérias e sofrimentos da vida que se abatem sobre o comum dos mortais. Para isso, seu pai faz com que ele viva cercado do mais sofisticado luxo. Na sua adolescência, aos dezesseis anos, casa-se com sua prima, a bela Yasodhara, que lhe deu seu único filho, Rahula, vivendo na corte, desenvolvendo-se intelectual e fisicamente, alheio ao convívio e dos problemas da

população de seu país. Quando começa a ouvir comentários que se faziam sobre a dura vida fora dos portões do palácio, despertando cada vez mais sua curiosidade e desconfiança do porquê de seu estilo vida, onde ansiava por descobrir por que as referências ao mundo de fora pareciam ser, às vezes, carregadas de tristeza.



Na sua adolescência, aos dezesseis anos, casa-se com sua prima, a bela Yasodhara, que lhe deu seu único filho, Rahula, vivendo na corte, desenvolvendo-se intelectual e fisicamente, alheio ao convívio e dos problemas da população de seu país. Quando começa a ouvir comentários que se faziam sobre a dura vida fora dos portões do palácio, despertando cada vez mais sua curiosidade e desconfiança do porquê de seu estilo vida, onde ansiava por descobrir por que as referências ao mundo de fora pareciam ser, às vezes, carregadas de tristeza.Em seu caminhar, onde descobria os sofrimentos inevitáveis do homem, encontrara-se com um monge mendicante, onde observou que o monge, mesmo vivendo miseravelmente, possuía um olhar sereno, como de quem estava tranqüilo diante dos revezes da vida.

Assim, quando decidiu buscar sua iluminação, Gautama resolveu se juntar a um grupo de brâmanes dedicados a uma severa vida ascética. Logo, porém, estes exercícios mortificadores do corpo demonstraram ser algo inútil. A corda de um instrumento musical não pode ser retesada demais, pois assim ela rompe, e nem pode ser frouxa demais, pois assim ela não toca. Não era mortificando o corpo, retesando ao extremo os limites do organismo, que o homem chega à compreensão da vida. Nem é entregando-se aos prazeres excessivamente que chegará a tal.

Foi ai que Sidarta chegou ao seu conceito de O Caminho do Meio: buscar uma forma de vida disciplinada o suficiente para não chegar à completa indulgência dos sentidos, pois assim a pessoa passa a ser dominada excessivamente por preocupações menores, e nem a autotortura, que turva a consciência e afasta a pessoa do convívio dos seus semelhantes. A vida de provações não valia mais que a vida de prazeres que havia levado anteriormente.

Ele resolve, então, renunciar ao ascetismo e volta a se alimentar de forma equilibrada. Seus companheiros, então, o abandonam escandalizados. Sozinho Sidarta procurava seguir seu próprio caminho, confiando apenas na própria intuição e procurando se conhecer a si mesmo, sentindo as coisas, evitando tecer qualquer conceitualização intelectual excessiva sobre o mundo que o cercava.

Desta forma, passou a atrair pessoas que se lhe acercam devido à pureza de sua alma e tranquilidade de espírito, que rompiam drasticamente com a vaidosa e estúpida divisão da sociedade em castas rígidas que separavam incondicionalmente as pessoas a partir do nascimento, como hoje as classes sociais se dividem estupidamente a partir da desigual divisão de renda e, ainda mais, de berço.Sidarta transformou-se no Buda em virtude de uma profunda transformação interna, psicológica e espiritual, que alterou toda a sua perspectiva de vida.

Tendo atingido sua iluminação, Buda passa a ensinar o Dharma, isto é, o caminho que conduz à maturação cognitiva que conduz à libertação de boa parte do sofrimento terrestre. Eis que o número de discípulos aumenta cada vez mais, entre eles, seu filho e sua esposa. Os quarenta anos que se seguiram são marcados pelas intermináveis peregrinações, sua e de seus discípulos, através das diversas regiões da Índia.

Ao completar oitenta anos, sente seu fim terreno se aproximando e deixa instruções precisas sobre a atitude de seus discípulos a partir desta data.Buda morreu em Kusinara, no bosque de Mallas, Índia. Sete dias depois seu corpo foi cremado e suas cinzas dadas as pessoas cujas terras ele vivera e morrera.

Definição O Budismo é um conjunto de práticas originadas na inspiração e ensinamentos de Buda. É também um estilo de vida, um caminho completo para o desenvolvimento integral do indivíduo, onde ensina como superar nossos problemas e dificuldades através do entendimento e prevenção de suas causas. Normalmente olhamos fora de nós para encontrar as causas de nossos problemas, Buda nos ensina a olhar dentro de nós mesmos. Ele mostrou como nossos sentimentos e insatisfações surgem de estados mentais negativos, em especial a raiva, o apego e a ignorância. Ele ofereceu métodos para eliminar esses estados mentais negativos através do desenvolvimento de generosidade, compaixão, sabedoria e outros estados mentais positivos. Cultivando essas qualidades em nossa mente seremos capazes de descobrir força e paz interior.



Os Ensinamentos de Buda

Os ensinamentos foram transmitidos de boca em boca por cerca de 250 anos.

A partir do primeiro século a.C. estes foram recolhidos pelos monges em três grandes coleções chamadas de "Tipitaka" (que quer dizer "três cestos de livros"), e sua doutrina pode ser resumida em torno de quatro verdades.

Os Três Cestos

1 - CESTO DA DISCIPLINA MONÁSTICA: Contém regras para a vida dos monges.

2 - CESTO DOS ENSINAMENTOS MORAIS: Contém os sermões, as poesias, os diálogos e os fatos da vida do fundador.

3 - CESTO DA DOUTRINA DA SALVAÇÃO: É o mais antigo catecismo com perguntas e respostas.



As Quatro Verdades

1 - DUKA: A dor é universal.
2 - SAMUDAYA: A origem da dor é o desejo insaciável.
3 - NIRODHA: O fim da dor é a completa supressão do desejo.
4 - MARGA: O caminho para suprimir o desejo é o santo trilho das oito normas que convergem na felicidade eterna (Nirvana).

O Trilho das Oito Normas

1 - Reto conhecimento.
2 - Reta intenção.
3 - Reta palavra.
4 - Reta ação.
5 - Reta vida.
6 - Reto esforço.
7 - Reto saber.
8 - Reta meditação.

Os Mandamentos

1 - Não matar
2 - Não roubar
3 - Não tomar a mulher do próximo
4 - Não mentir
5 - Não ingerir bebidas alcoólicas
6 - Resignar-se no sofrimento
7 - Meditar sobre o sofrimento dos vivos
8 - Participar das dores e alegrias dos outros
9 - Ser benevolente
10 - Perdoar as ofensas

Contos e parabolas:

Para beber vinho numa chávena cheia de chá é necessário, primeiro deitar fora o chá para depois beber o vinho.



De Quem é o Presente?


Perto de Tóquio vivia um grande samurai idoso que agora se dedicava a ensinar o zen aos jovens.

Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário. Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para reparar os erros cometidos, contra-

atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo, e aumentar sua fama. Todos os estudantes se manifestaram contra a ideia, mas o velho aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direcção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos, ofendendo inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou-se.

Desapontados pelo fato de que o mestre aceitar tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - Como o senhor pode suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se covarde diante de todos nós?
- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente?
- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.

- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre - Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carregava consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a calma, só se você permitir...



Decisões


Há uma anedota Zen sobre uma mulher, que não conseguia decidir-se por qual porta deveria sair de certo aposento. Ambas as portas levavam ao mundo exterior. Após algumas horas de indecisão, ela empilhou algumas esteiras diante de uma das saídas e caiu em um sono profundo. De manhã cedo, levantou-se e examinou o mesmo problema novamente. Uma das portas estava livre, mas a outra estava bloqueada por uma pilha de esteiras. Ela suspirou finalmente: "Agora eu não tenho escolha."



Chávena de Chá


Um professor de filosofia foi ter com um mestre zen, Nan-In, e fez-lhe perguntas sobre Deus, o nirvana, meditação e muitas outras coisas. O Mestre ouviu-o em silencio e depois disse.
- Pareces cansado. Escalaste esta alta montanha, vieste de um lugar longíquo. Deixa-me primeiro servir-te uma chávena de chá.
O Mestre fez o chá. Fervilhando de perguntas, o professor esperou. Quando o Mestre serviu o chá encheu a chávena do seu visitante e continuou a enche-la. A chávena transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu vistante gritou:
- Pára. Não vês que o pires está cheio?
- É exactamente assim que te encontras. A tua mente está tão cheia de perguntas que mesmo que eu responda não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia a chávena e depois volta.



Atravessando o Rio


Dois monges viajavam juntos por uma caminho lamacento. Chovia torrencialmente o que dificultava a caminhada. A certa altura tinham que atravessar um rio, cuja água lhes dava pela cintura. Na margem estava uma moça que parecia não saber o que fazer:
- Quero atravessar para o outro lado, mas tenho medo
Então o monge mais velho carregou a moça às suas cavalitas para a outra margem. Horas depois, o monge mais novo não se conteve e perguntou:
- Nós, monges, não nos devemos aproximar das mulheres, especialmente se forem jovens e atraentes. É perigoso. Por que fez aquilo?
- Eu deixei a moça lá. Você ainda a está carregando?



Inferioridade

Um samurai, conhecido por todos pela sua nobreza e honestidade, veio visitar um monge Zen em busca de conselhos. Entretanto, assim que entrou no templo onde o mestre rezava, sentiu-se inferior, e concluiu que, apesar de toda a sua vida ter lutado por justiça e paz, não tinha sequer chegado perto ao estado de graça do homem que tinha à sua frente.
- Por que razão me estou a sentir tão inferior a si? Já enfrentei a morte muitas vezes, defendi os mais fracos, sei que não tenho nada do que me envergonhar. Entretanto, ao vê-lo meditar, senti que a minha vida não tem a menor importância.
- Espere. Assim que eu tiver atendido todos os que me procurarem hoje, eu dou-te a resposta.
Durante o resto do dia o samurai ficou sentado no jardim do templo, a olhar para as pessoas que entraram e saíram à procura de conselhos. Viu como o monge atendia a todos com a mesma paciência e com o mesmo sorriso luminoso no seu rosto. Mas o seu estado de ânimo ficava cada vez pior, pois tinha nascido para agir, não para esperar. De noite, quando todos já tinham partido, ele insistiu:
- Agora podes-me ensinar?
O mestre pediu que entrasse, e conduziu-o até o seu quarto. A lua cheia brilhava no céu, e todo o ambiente inspirava uma profunda tranquilidade.
- Estás a ver esta lua, como ela é linda? Ela vai cruzar todo o firmamento, e amanhã o sol tornará de novo a brilhar. Só que a luz do sol é muito mais forte, e consegue mostrar os detalhes da paisagem que temos à nossa frente: árvores, montanhas, nuvens. Tenho contemplado os dois durante anos, e nunca escutei a lua a dizer: por que não tenho o mesmo brilho do sol? Será que sou inferior a ele?
- Claro que não - respondeu o samurai. - Lua e sol são coisas diferentes, e cada um tem sua própria beleza. Não podemos comparar os dois.
- Então, tu sabes a resposta. Somos duas pessoas diferentes, cada qual a lutar à sua maneira por aquilo que acredita, e a fazer o possível para tornar este mundo melhor; o resto são apenas aparências.



A Rocha


O aluno perguntou ao Mestre :
- Como faço para me tornar o maior dos guerreiros ?
- Vá atrás daquelas colina e insulte a rocha que se encontra no meio da planície.
- Mas para que, se ela não vai me responder ?
- Então golpeie-a com a tua espada.
- Mas minha espada se quebrará !
- Então agrida-a com tuas próprias mãos.
- Assim eu vou machucar minhas mãos ... E também não foi isso que eu perguntei. O que eu queria saber era como que eu faço para me tornar o maior dos guerreiros.
- O maior dos guerreiros e aquele que é como a rocha, não liga para insultos nem provocações, mas está sempre pronto para desvencilhar qualquer ataque do inimigo



O inferno e o céu

Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e, sacando da bainha sua espada, berrou:
- Eu poderia matar-te por tua impertinência!
- Isso é o Inferno – respondeu o Mestre
Espantado por ver a verdade no que o mestre dizia, o samurai embainhou a espada e sorriu, fazendo-lhe uma reverência
- E isso é o Céu – disse o Mestre.



Apego


Um dia morreu o guardião de um mosteiro Zen. Para descobrir quem seria a nova sentinela, o mestre convocou os discípulos e disse:
- O primeiro que conseguir resolver o problema que eu vou apresentar assumirá o posto.
Então numa mesa que estava no centro a sala colocou um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza. E disse apenas:
- Aqui está o problema!
Todos ficaram olhando a cena: o vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro! O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? De repente um dos discípulos saca da espada, olha para o mestre, dirigi-se para o centro da sala e... Zazzz! Com um só golpe destruiu tudo.
- Você é o novo guardião. Não importa que o problema seja algo lindíssimo. Se for um problema, precisa ser eliminado.



Mais Devagar

Um jovem atravessou o Japão em busca da escola de um famoso praticante de artes marciais. Chegando ao dojo, foi recebido em audiência pelo Sensei.
- O que você quer de mim ? perguntou-lhe o mestre
- Quero ser seu aluno e tornar-me o melhor karateca do país. Quanto tempo preciso estudar ?
- Dez anos, pelo menos.
- Dez anos é muito tempo respondeu o rapaz . E se eu praticasse com o dobro da intensidade dos outros alunos ?
- Vinte anos.
- Vinte anos! E se eu praticar noite e dia, dedicando todo o meu esforço ?
- Trinta anos.
- Mas, eu lhe digo que vou dedicar-me em dobro, e o senhor me responde que a duração será maior ?
- A resposta é simples. Quando um olho está fixo aonde se quer chegar, só resta um para se encontrar o caminho.



O Monge e o Escorpião na Ponte

Um monge cruzava uma ponte na qual mal se conseguia equilibrar. Embora seus passos fossem curtos e lentos, a ponte cada vez baloiçava mais. Nisto um escorpião, escondido na ponte, começou a subir pela sua mão. Continuou lentamente pelo braço até alcançar-lhe o ombro . O monge gelado de medo parou a sua caminhada. Antes de entrar em pânico lembrou-se de respirar fundo e acalmar a mente. O escorpião não se mexeu e, como numa providência divina, uma rajada de vento fe-los balançar violentamente e o escorpião caiu pelo abismo. Feliz , o monge agradeceu ao vento e seguiu sua caminhada.




Beber Chá

Temos que estar totalmente despertos para apreciar o chá como deve ser. Temos que estar no momento presente. Apenas com a consciência no presente, as nossas mãos podem sentir o agradável calor da chávena. Apenas no presente podemos apreciar o aroma, sentir a doçura e saborear a delicadeza. Se estamos a lembrar o passado ou preocupados com o futuro, perdemos por completo a experiência de apreciar a chávena de chá. Olharemos para a chávena e o chá terá já terminado.
A vida é assim. Se não estamos totalmente no presente, quando olharmos à nossa volta esta terá desaparecido.
Quando pararmos de pensar no que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que poderá nunca vir a acontecer, então estaremos no momento presente. Só então começaremos a experimentar a alegria de viver...



O Chapéu de Chuva à Porta


Certa vez um Mestre mandou que chamassem determinado discípulo, que se encontrava recluso em sua cabana, nos arredores de um mosteiro Zen. Este discípulo já estava com este Mestre há anos, treinando sob sua direcção. Como o Mestre tinha muitos discípulos, era difícil de se conseguir uma entrevista particular com ele. O discípulo achou inusitado o fato do Mestre estar chamando-o para uma conversa. Começou a ficar excitado, pensando:

"o que será que o Mestre deseja de mim?", "será que ele vai me perguntar alguma coisa sobre o Dharma, para me testar?", "será que ele deseja me atribuir algum cargo ou tarefa?". Com a mente repleta de pensamentos, pôs-se o monge a andar. Como estava chovendo, levou seu guarda-chuva.
Ao chegar à casa do Mestre, ele fechou o guarda-chuva, colocou-o a um canto. Pôs suas sandálias molhadas do lado do guarda-chuva. Na frente do Mestre, fez as mesuras que mandam a etiqueta monástica e sentou-se. O Mestre então foi logo perguntando:

- Quando você entrou aqui, de que lado do guarda-chuva você deixou suas sandálias?
O monge discípulo não conseguiu se lembrar com certeza. O Mestre então declarou:
- Volte para sua cabana e medite!

Desta maneira, o Mestre quis dizer que meditação e vida quotidiana são uma única realidade. Não podemos separar a nossa vida diária do ato de atenção com que devemos fazer todas as coisas. O discípulo estava separando, e vendo que ainda não estava preparado o suficiente o Mestre recomendou que ele voltasse para sua cabana e meditasse mais. A prática budista é no dia a dia.




O Observador

Certo dia um rei chamou ao seu palácio o mestre zen Muhak - que viveu de 1317 a 1405 - e lhe disse que, para afastar o cansaço e a tensão do trabalho administrativo, queria ter uma conversa completamente informal com ele. Em seguida, o rei comentou que Muhak parecia um grande porco faminto procurando comida.
- E você, excelência parece o Buda Sakiamuni meditando, sobre um pico elevado dos Himalaias.
O rei ficou surpreso com a resposta de Muhak.
- Comparei você a um porco, e você me compara ao Buda?
- É que um porco só pode ver porco, excelência, e um Buda só pode ver Buda



Inferno e céu colectivos


Mestre e discípulo foram até uma região onde havia fartura de arroz mas os habitantes daquele lugar possuíam talas em seus braços, o que os impedia de levarem o alimento à própria boca. No meio daquela fartura, passavam fome e eram fracos e subnutridos!
- Veja! - Disse o Mestre - Isto, é o inferno colectivo.

Em seguida, o Mestre guiou o Discípulo para uma região próxima e mostrou que nela também havia fartura de arroz e as pessoas também tinham os braços atados a talas mas eram saudáveis e bem nutridas pois uma levava o arroz à boca do outro, em um processo de interdependência e cooperação mútua.
- E isto é o Céu colectivo.


O Ladrão e a Lua

Ryokan, um mestre Zen, vivia a mais simples e frugal das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia para ser roubado. Entretanto Ryokan voltou e o surpreendeu lá.
- Você fez uma longa viagem para me visitar e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor tome minhas roupas como um presente.
O ladrão ficou perplexo. Rindo de troça, ele tomou as roupas e esgueirou-se para fora. Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.
- Pobre coitado, gostaria de poder dar-lhe esta bela lua.



Sermão da Montanha


Um dos monges do mestre Gasan visitou a universidade em Tokyo. Quando ele retornou, ele perguntou ao mestre se ele jamais tinha lido a Bíblia Cristã.
- Não - Gasan replicou - Por favor leia algo dela para mim.
O monge abriu a Bíblia no Sermão da Montanha em São Mateus, e começou a ler. Após a leitura das palavras de Cristo sobre os lírios no campo, ele parou. Mestre Gasan ficou em silêncio por muito tempo.
- Quem quer que proferiu estas palavras é um ser iluminado. O que você leu para mim é a essência de tudo o que eu tenho estado tentando ensinar a vocês aqui.



Morte



Um homem muito rico pediu a um mestre Zen um texto que o fizesse sempre lembrar do quanto era feliz com a sua família. O mestre Zen pegou num pergaminho e, com uma linda caligrafia, escreveu:
- O pai morre. O filho morre. O neto morre.
- Como? - disse, furioso, o homem rico. - Eu pedi-lhe alguma coisa que me inspirasse, um ensinamento que fosse sempre contemplado com respeito pelas minhas próximas gerações, e o senhor dá-me algo tão depressivo e deprimente como estas palavras?
- O senhor pediu-me algo que lhe fizesse lembrar sempre a felicidade de viver junto da sua família. Se o seu filho morrer antes, todos serão devastados pela dor. Se o seu neto morrer, será uma experiência insuportável.




Equanimidade

Durante as guerras civis na China feudal, um exército invasor poderia facilmente dizimar uma cidade e tomar controle. Numa vila, todos fugiram apavorados ao saberem que um general famoso por sua fúria e crueldade estava se aproximando. Todos excepto um mestre Zen, que vivia afastado.

Quando chegou à vila, seus batedores disseram que ninguém mais estava lá, além do monge. O general foi então ao templo, curioso em saber quem era tal homem. Quando ele lá chegou, o monge não o recebeu com a normal submissão e terror com que ele estava acostumado a ser tratado por todos; isso levou o general à fúria.

"Seu tolo!!" ele gritou enquanto desembainhava a espada, "não percebe que você está diante de um homem que pode trucidá-lo num piscar de olhos?!?"
Mas o mestre permaneceu completamente tranquilo.
"E você percebe," o mestre replicou calmamente, "que você está diante de um homem que pode ser trucidado num piscar de olhos?"



Sonho


Certa vez o mestre taoista Chuang Tzu sonhou que era uma borboleta, voando alegremente aqui e ali. No sonho ele não tinha mais a mínima consciência de sua individualidade como pessoa. Ele era realmente uma borboleta. Repentinamente, ele acordou e descobriu-se deitado ali, uma pessoa novamente. Mas então ele pensou para si mesmo:
"Fui antes um homem que sonhava ser uma borboleta, ou sou agora uma borboleta que sonha ser um homem?"



Nada Existe

Yamaoka Tesshu, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso:
- A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenómenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!

Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando xingamentos.
- Se nada existe," perguntou, calmo, Dokuon, "de onde veio toda esta sua raiva?

Historia Budistas:



Buda e a Flor de Lotus



Buda reuniu seus discípulos, e mostrou uma flor de lótus - símbolo da pureza, porque cresce imaculada em águas pantanosas.

- Quero que me digam algo sobre isto que tenho nas mãos - perguntou Buda.
O primeiro fez um verdadeiro tratado sobre a importância das flores.
O segundo compôs uma linda poesia sobre suas pétalas.
O terceiro inventou uma parábola usando a flor como exemplo.
Chegou a vez de Mahakashyao. Este aproximou-se de Buda, cheirou a flor, e acariciou seu rosto com uma das pétalas.

- É uma flor de lótus - disse Mahakashyao. Simples e bela.
- Você foi o único que viu o que eu tinha nas mãos - disse Buda.



Confiando na Alegria


No tempo do Buda vivia uma velha mendiga chamada Confiando na Alegria. Ela observava os reis, príncipes e o povo em geral fazendo oferendas ao Buda e a seus discípulos, e não havia nada que quisesse mais do que poder fazer o mesmo. Saiu então pedindo esmolas, mas, no fim do dia não havia conseguido mais do que uma moedinha. Levou a moedinha ao mercado para tentar trocá-la por algum óleo, mas o vendedor lhe disse que aquilo não dava para comprar nada. Mas quando o vendedor soube que ela queria fazer uma oferenda ao Buda, cheio de pena, deu-lhe o óleo. A mendiga foi para o mosteiro e acendeu a lâmpada. Colocou-a diante do Buda e fez o seguinte pedido:

“ nada tenho a oferecer senão esta pequena lâmpada. Mas, com esta oferenda, possa eu no futuro ser abençoada com a Lâmpada da Sabedoria. Possa eu libertar todos os seres das suas trevas, purificar todos os seus obscurecimentos e levá-los à Iluminação”.

Durante a noite, o óleo de todas as lâmpadas havia acabado, mas a lâmpada da mendiga ainda queimava na alvorada, quando um discípulo chegou para recolher as lâmpadas. Ao ver aquela única lâmpada ainda brilhando, cheia de óleo e com pavio novo, pensou: “Não há razão para que essa lâmpada continue ainda queimando durante o dia” e tentou apagar a chama com os dedos, mas foi inútil. Tentou abafá-la com suas vestes, mas ela ainda ardia. O Buda, que o observava há algum tempo, disse:

— Maudgalyayana: você quer apagar essa lâmpada? Não vai conseguir. Não conseguiria nem movê-la daí, que dirá apagá-la. Se jogasse nela toda a água dos oceanos, ainda assim não adiantaria. A água de todos os rios e lagos do mundo não poderia extinguir esta chama.
- Por que não? - Perguntou o discípulo de Buda.
- Porque ela foi oferecida com devoção e com pureza de coração e de mente. Essa motivação produziu um enorme benefício.

Quando o Buda terminou de falar, a mendiga se aproximou e ele profetizou que no futuro ela se tornaria um Perfeito Buda e seria conhecido como Luz da Lâmpada.



A maravilhosa história de Tchèrezi, o Buda da Compaixão


Amitabha, o Buda primordial, cujo único desejo é ajudar todos os seres vivos, um dia considerou que era necessário a manifestação de uma divindade com a aparência de um jovem. Amitabha emitiu um raio de luz branca que tomou a forma de Tchènrezi.

Tchènrezi cresceu e prometeu ajudar Amitabha a beneficiar todos os seres vivos e fez uma promessa a si próprio “enquanto houver um único ser que não tenha atingido o despertar, trabalharei para o bem de todos. E se não cumprir esta promessa, que a minha cabeça e o meu corpo se partam em mil pedaços!"

Durante milhões de anos, Tchèrezi trabalhou sem parar. Um dia pensou que já tinha liberto numerosos seres, mas infelizmente ainda havia inúmeros seres presos no samsara. Muito triste por isso, desanimou "Não tenho a capacidade de socorrer os seres; vale mais que descanse no Nirvana". Com este pensamento contrariou sua promessa. O seu corpo quebrou-se em mil pedaços e Tchèrezi conheceu um intenso sofrimento.

Mas pelo poder de sua graça, Amitabha voltou a recompor o corpo de Tchènrezi. Deu-lhe onze rostos, mil braços e mil olhos. Tchènrezi poderia a partir de então, ajudar os seres sob esta forma. Amitabha pediu a Tchènrezi que retomasse a sua promessa e este assim fez ainda com ainda mais vigor e força do que antes.

Um comentário:

  1. Adorei o post, é tudo tão profundo e verdadeiro, muito inspirador! Valeu!

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